Usina Hidrelétrica de Itatinga - Bertioga/SP

Energia / Usinas Hidrelétricas

Enviado em 14/05/2008

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Localização Geográfica

Coordenadas: -23.774199, -46.110294

Cidade: Bertioga

Estado: São Paulo


A usina hidrelétrica foi inaugurada em 10 de Outubro de 1910, passando a fornecer 15.000 kW de energia para o Porto de Santos conforme previsto; eventuais excessos eram usados no abastecimento público da cidade de Santos. A ferrovia usada na construção da usina foi mantida para o transporte de empregados entre a vila próxima a usina e o porto no Rio Itapanhaú, além de víveres e materiais de manutenção. Mas, no melho estilo casa de ferreiro, espeto de pau, ela não foi eletrificada mesmo com a ampla oferta de energia elétrica, mantendo-se com a tração a vapor por décadas e décadas. Note-se que também a ferrovia interna que servia o Porto de Santos não foi eletrificada.



No primeiro trimestre de 1956 - após cinqüenta anos de operação - a Companhia Docas de Santos iniciou os estudos sobre a eletrificação da ferrovia que servia sua usina de Itatinga, em função do alto custo que a tração a vapor impunha. Essa decisão apresenta alguns aspectos intrigantes. O preço da lenha tornou-se ameaçadoramente alto para as grandes ferrovias a partir da I Guerra Mundial, mas a ferrovia de Itatinga levou quarenta anos para reconhecer isso - talvez em função de seu pequeno consumo e da farta disponibilidade de lenha na região servida por ela. Além disso, na época em que a eletrificação de Itatinga estava sendo cogitada, já se faziam vinte anos que bondes e pequenas ferrovias eletrificadas estavam agonizando, sendo substituídas por estradas de rodagem. Por exemplo, o Tramway do Guarujá seria fechado em julho desse mesmo ano e o Ramal Férreo Campineiro duraria apenas mais quatro anos. Não teria sido mais lógico substituir a antiga ferrovia de Itatinga por uma estrada de rodagem? Mas, para gáudio dos fãs ferroviários, a ferrovia foi mantida; neste caso, a tração elétrica deve ter sido a mais atraente, posto que produzida pela mesma empresa a que a estrada servia.


A execução das obras da eletrificação iniciou-se no quarto trimestre de 1956, com a instalação dos postes de concreto para sustentar os cabos de alimentação dos trens. A linha é alimentada em dois pontos: em sua estação inicial, onde há um pequeno porto, e em seu ponto final, na usina hidrelétrica.


O material rodante foi construído nas próprias oficinas da Companhia Docas de Santos. São apenas dois bondes. O bonde B1 é composto de dois truques, cada um com um motor de 10 HP, totalizando 20 HP, e controles nas extremidades dos carros. O bonde B2 foi feito a partir de uma locomotiva elétrica que havia sido usada durante as obras da eletrificação; ele possui dois truques, sendo que apenas um deles é motorizado, dispondo de motor elétrico de 18 HP. Além disso, ele tem uma característica peculiar, muito provavelmente herdada de seu passado como locomotiva: controle através de uma cabine central fechada; os passageiros se acomodam à frente e atrás dessa cabine, o que prejudica um pouco a visibilidade do condutor.


A nova ferrovia eletrificada entrou em funcionamento em janeiro de 1958 e até hoje se encontra em atividade com o mesmo material rodante elétrico. Ela continua servindo a hidrelétrica, seus funcionários e eventuais visitantes, que devem obter autorização prévia para acessar a região, uma vez que se trata de propriedade particular. Trata-se de um local belíssimo e, no caso dos fãs por trens e bondes, com uma atração cada vez mais rara: uma linha de bondes elétricos ainda em funcionamento.

Site: http://www.portodesantos.com/

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